sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Orgulha-te!

Qual sua cor?
Preto!
E se te orgulhas essa cor,
Tão tenor,
Porque me olhas como se eu te reprimisse?
Sou eu fruto desta cor,
Antes fosse puro e tivesse do que me orgulhar.
Sou fruto da raça!
Sou filho da senzala!
Sou erva de escravidão,
Podridão!
Não me olhe como se eu te diminuísse!
Minha pela se alveja de amargura,
Envermelha-se de vergonha,
E pouco a pouco perde a cor!
Que triste fim,
Ser terra desta terra,
Mas não ter a cor do que aqui há!
Nem vermelho, nem branco, nem preto,
Sou sem cor, nem sou homem de cor!
Orgulha-te de tua cor,
Sem achar que eu a desprezo,
Pois saiba que a cor que dá vida, que é vida, em ti está!
Teus cabelos que se definem no emaranhado de formosura,
Que loucura!
Olhe o meu,
Como eu, sem cor, sem forma
A hibridez do que é vergonha, e do que é força.
Sou mistura, me orgulho!
Não nego!
Nego porém que te olho com feiura.

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