domingo, 25 de dezembro de 2016

Lançamento

Aos mares lanço minhas loucuras,
As marés sucumbem as feiuras,
Os rios levam-me nos braços com ternura,
mas tu, ó amada, amargas tudo quanto te faço.
Me lanço então para o mar,
Quem sabe encontre salubridade melhor que tuas palavras duras.

Rio da Noite

À luz da lua,
sentado na beira da estrada.
Na ribanceira capenga da noite aperreada.
Do rio que corre e engole tudo que se atreve a adentrar nela.
Tão bela.
Eu rio do rio,
tão frio.
De águas densas e obscuras,
cantam estrelas as juras
de quem não teme o seu curso.
Me encurvo na imensidão do escuro,
A lua entoa seu urro.
Sem vida sem cor vai o rio.
Eu rio do rio,
tão frio.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Desce à olaria!
Vê as mãos que criam!
Que trilham caminhos ao barro,
Que sentem os caminhos da terra.

Quem molda faz movimentos da alma,
E na constância dos movimentos encontra a vida

Entre mãos e rodas gira a criatura.
A criação da ternura.
A criança que se apressa em crescer

Formando-se a criação
Prova do fogo ardente então
Tornando forte as impressões dadas à mão.

Não é solitário esse trabalho,
Pois o próprio principio da vida está no centro
Tem toda atenção sobre si
Toda tensão sobre si.
Toda si.

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Orgulha-te!

Qual sua cor?
Preto!
E se te orgulhas essa cor,
Tão tenor,
Porque me olhas como se eu te reprimisse?
Sou eu fruto desta cor,
Antes fosse puro e tivesse do que me orgulhar.
Sou fruto da raça!
Sou filho da senzala!
Sou erva de escravidão,
Podridão!
Não me olhe como se eu te diminuísse!
Minha pela se alveja de amargura,
Envermelha-se de vergonha,
E pouco a pouco perde a cor!
Que triste fim,
Ser terra desta terra,
Mas não ter a cor do que aqui há!
Nem vermelho, nem branco, nem preto,
Sou sem cor, nem sou homem de cor!
Orgulha-te de tua cor,
Sem achar que eu a desprezo,
Pois saiba que a cor que dá vida, que é vida, em ti está!
Teus cabelos que se definem no emaranhado de formosura,
Que loucura!
Olhe o meu,
Como eu, sem cor, sem forma
A hibridez do que é vergonha, e do que é força.
Sou mistura, me orgulho!
Não nego!
Nego porém que te olho com feiura.

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Da cor do vento,
Sentindo o vento,
Cantando o vento,
A dor do vento
Só,
Lido!
Só Lidão.
Diz amor meu,
Que ressuscita!
Recita os versos de encanto teu,
Meu bem querer
Meu.
Levanta tua voz
Sobre os ventos flamejando
Entoando tua canção
De canto, Em canto.

Tanto quanto podemos ser,
Podemos cavar,
Poderemos achar.
Amores, dores;
Cores, flores,
árvores, pois o infinito
finda-se no seu do outro lado.
 
 
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